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O primeiro dos bancos americanos a encerrar suas atividades no último dia (08) foi o Silvergate, muito ligado à também falida FTX, Exchange de criptomoedas.
Um dia depois, o Silicon Valley Bank (SVB), que possuía 2,6 mil fintechs como clientes, informou que estava buscando um bilhão de dólares para equilibrar seu balanço. Uma notícia no mínimo estranha no dia a dia de um grande banco. Suas ações despencaram e o mercado ficou em pânico. Não deu outra, no dia (10) foi decretado sua falência.
E espantosamente, no domingo (12) foi a vez do Signature Bank, com ativos de 118 bilhões de dólares registrados.
O governo americano, temendo uma catástrofe maior, agiu rapidamente e disponibilizou as medidas de socorro aos depositantes do SVB, por meio do banco central americano, o Federal Reserve (Fed).
Inclusive, socorrendo aqueles investidores que possuíam valores acima do limite de ressarcimento de US$ 250 mil, apesar de apenas 2% dos recursos de crédito do banco serem abaixo desse valor, que tem garantia do Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), que é o Fundo Garantidor de Crédito americano.
Vamos falar especificamente do SVB, que era o maior entre eles. Considerado o banco das startups, o Silicon Valley Bank (SVB) estava posicionado na 16º colocação entre os bancos americanos, chegando a acumular US$ 212 bi em ativos no 4º trimestre de 2022.
Antes de mais nada, quando os juros estavam baixos e as startups tecnológicas recebiam muito dinheiro de investidores, esses recursos foram depositados no SVB. Então, o banco começou a comprar títulos públicos.
Porém, as taxas de juros começaram a subir após a pandemia para conter a inflação, e o valor dos títulos caiu. Para se ter uma ideia, em dezembro de 2022 o Fed chegou a estabelecer o 7º aumento seguido da taxa de juros.
Portanto, ao marcar os papéis a mercado (atualização diária do preço unitário de um título de renda fixa de acordo com a variação das taxas de juros), o SVB obteve uma perda na operação e isso assustou os correntistas, em sua maioria startups e fundos de venture capital, e isso provocou uma sequência de resgates para que essas startups pudessem cumprir com seus fluxos de caixa.
É sabido que os bancos vivem de captar dinheiro para emprestá-lo a juros maiores, se beneficiando do spread bancário para garantir seus lucros, ou prejuízos. Se os recursos se acabam e não tem outra fonte, o negócio “desanda”.
Como vemos, o aumento dos juros foi o principal vilão, porém não foi só ele que causou tudo isso. O SVB quebrou não só porque os juros subiram, mas porque cometeu o grande erro na formação da sua base de clientes; as startups tecnológicas, que tem toda sua alavancagem e tração dependente de crédito barato.
É como se um investidor comprasse apenas ações de uma única companhia. E nós sabemos que isso é o maior erro que se pode cometer nos investimentos.
No Brasil, os juros altos também estão promovendo pontos negativos. A elevação dos juros aliada ao maior acesso ao mercado financeiro está contribuindo para que os investimentos em crédito privado tivessem um grande aumento nos últimos anos.
Nesse período os investidores passaram a ter muito mais acesso à CDBs através de corretoras, inclusive as ofertas de instituições bancárias menores, as quais possuem geralmente rendimentos melhores do que os grandes bancos, nessa modalidade.
O fato dessa modalidade ser garantida pelo FGC, fizeram os investidores apostar os seus capitais financeiros sem se preocupar com mais nada, ainda mais com os retornos atrativos que essas instituições oferecem.
Diante de tudo isso, muita gente no Brasil está com medo. E não é para menos. A grande dúvida é qual será o destino dos bancos digitais. Os correntistas estão querendo saber se é preciso sacar o que está investido.
Por enquanto não há motivo para se preocupar, pois os dois principais bancos digitais do país já vieram a público para negar qualquer exposição ao SVB.
Certamente, em se tratando de crédito empresarial, as empresas de tecnologia vão sofrer mais porque a liquidez das startups vai diminuir.
Uma outra consequência será o aumento do dólar em comparação com o real, mesmo com o cenário de quebradeira de bancos americanos, pois quando surge uma crise, o mundo se reporta à aversão à risco.
E quando isso acontece as pessoas fogem primeiramente do risco dos países emergentes, como o Brasil por exemplo, trocam as moedas que possuíam nos países emergentes por dólar e os leva para o mercado americano. E ao tirar dólar dos países emergentes, o dólar se valoriza em comparação à moeda do país emergente.
Dessa maneira, quando o dólar aumenta, os exportadores brasileiros vão querer aumentar suas exportações para melhorar suas margens, e aquele produto diminui sua rotatividade no mercado interno, obrigando assim a ter um aumento de preço interno.
o Fed, a Secretaria do Tesouro (equivalente ao Ministério da Fazenda) e o FDIC, já se movimentaram e ofereceram linhas de crédito para socorrer os bancos.
Por possuírem informações privilegiadas, esses órgãos conseguem planejar um programa de ajuda rapidamente, sem mesmo necessitar de discussões no Congresso. Ou seja, não é uma catástrofe como a que ocorreu no subprime em 2008.
Mesmo assim, analistas apontam que a quebra do SVB e dos outros bancos não irá provocar desaceleração da alta de juros nos Estados Unidos.
O melhor a fazer no momento é evitar a aquisição de ações americanas, principalmente no setor de tecnologia e no setor bancário.
Em conclusão, se você não tiver lastro financeiro, seja prudente e não tente arriscar comprando papéis dessas empresas que estão passando por esse tipo de processo só porque suas ações estão em queda livre. Você poderá perder tudo, caso a falência seja comprovada.