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Na semana passada um caso da doença da vaca louca no município de Marabá, estado do Pará, deixou o mercado pecuário bem movimentado.
Apesar de todo o alarme, a contraprova do exame internacional feito no laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) no Canadá saiu na noite de ontem (02/03) as 22h 18min, numa nota oficial publicada pelo site do Ministério da Agricultura e Pecuária atestando a forma atípica tipo H da doença, a qual não tem risco de disseminação para o rebanho nem de transmissão para o ser humano.
Passado o período apreensivo, pelo fato de ter o risco de ser um caso clássico, que seria avassalador para a economia do país, o grande problema agora é com o tempo de suspensão temporária que a China, principal importador de carne bovina do Brasil, passa sem permitir embarque de carne daqui para lá. Isso afeta diretamente a balança comercial e consequentemente, a economia brasileira como um todo.

Encefalopatia espongiforme bovina (EEB), ou simplesmente vaca louca, é uma doença que acomete o sistema nervoso dos bovinos, bubalinos e pequenos ruminantes e pode ser transmitida, apenas no caso clássico, através da ingestão de carne contaminada. Dessa forma, a enfermidade é uma zoonose que pode ser fatal para os seres humanos.
Segundo Marcos Jank, comentarista de agronegócios da CNN, “o maior risco é para rebanhos confinados”. Isso se deve ao fato de os confinamentos terem uma alta taxa de lotação (bovino/m2) e com isso, aumento do grau de transmissão entre eles.
Porém, o Brasil possui cerca de 95% da produção de carne bovina realizada em pastagem, diferentemente da Europa e EUA. Portanto a probabilidade de o Brasil ter um caso clássico contagioso é bem menor.
Casos atípicos da doença acontecem de forma espontânea em bovinos com idade avançada. Nesses casos, não ocorre risco de transmissão da doença para os consumidores. Segundo a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) a EEB atípica, afeta o sistema nervoso do gado, semelhantemente à forma clássica, porém não transmite para o homem.
Já para o caso clássico, o qual nunca ocorreu no Brasil, há risco para o consumidor ao ingerir a carne contaminada. Esses casos ocorrem com a ingestão de ração pelos bovinos, que contenha restos de animais contaminados.
Embora seja um caso atípico, a doença da vaca louca traz impactos negativos para a economia brasileira. E de que forma? Por exemplo, com a suspensão temporária das importações comerciais de carne bovina pela China, de acordo com o protocolo de acordo comercial entre Brasil e China.
O protocolo determina que o Brasil suspenda a certificação de carne para a China até o caso ser confirmado pelo resultado laboratorial. Após essa confirmação o Brasil ainda tem que emitir um ofício ao país chinês com o resultado, para poder autorizar a volta das importações.
A última vez que houve suspensão de carne brasileira pelos chineses devido a um foco de vaca louca atípico foi em 2021, onde o Brasil permaneceu quase 100 dias sem embarcar.
A China é o maior importador da carne bovina oriunda do Brasil. As importações no mês de janeiro, segundo a secretaria de Comércio Exterior (SECEX), foram de pouco mais de 100 mil toneladas, representando uma receita de aproximadamente US$ 485,3 milhões.
Fazendo as contas detalhadas do prejuízo, se o Brasil passar os mesmos 100 dias que ficou em 2021 com os embarques suspensos, o país amargaria um prejuízo de mais US$ 1,6 BI durante o período.
Dentre os cinco principais setores do agronegócio , o setor produtivo é, sem dúvida, o mais afetado pelo fato de ser aquele setor que cria e fornece diretamente os animais para o abate.
No último caso ocorrido em 2021, a diminuição média do preço do produto para os frigoríficos foi de mais de 10%, enquanto que o produto para o consumidor final caiu menos que 1%.
Essas empresas por si próprias já são bastante voláteis, e um dos fatores é que elas dependem muito, por exemplo, da balança comercial brasileira, além do cumprimento do calendário sanitário do rebanho e das interfrências climáticas na produção.
No mesmo dia do ocorrido, antes mesmo da confirmação da notícia, as empresas do setor de alimentos processados, Minerva (BEEF3), BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3), tiveram redução expressiva nos seus papéis, de acordo com a B3. Apresentaram queda de 7,92%, 6,71% e 4,71%, respectivamente.
Em conclusão, como a cotação tende a acompanhar os lucros, os investidores sabem que com certeza irá ocorrer uma queda nos lucros devido à paralização das exportações, e consequentemente os preços apresentam queda imediata.