Queda na bolsa – Veja o real motivo das sucessivas quedas do Ibovespa

A recente série de queda na bolsa, representada pelo Ibovespa, o principal índice da bolsa de valores brasileira, tem chamado a atenção dos investidores e analistas financeiros.

A volatilidade do mercado e as sucessivas baixas têm levantado questionamentos sobre as razões subjacentes a esse declínio.

Este artigo explora os fatores que têm contribuído para a instabilidade do Ibovespa, examinando desde influências globais, como a evolução das taxas de juros nos Estados Unidos e eventos geopolíticos, até fatores domésticos, como as políticas econômicas do governo e o desempenho das empresas listadas.

Além disso, serão analisados os impactos dessas quedas para os investidores e a economia brasileira como um todo. Ao compreender melhor as razões por trás dessas flutuações, os participantes do mercado estarão mais preparados para tomar decisões informadas e desenvolver estratégias resilientes em um cenário financeiro em constante mudança.

 

Reforma tributária e incertezas políticas influenciam queda na bolsa

Na segunda-feira (14), o Ibovespa completou dez pregões consecutivos de queda na bolsa, fechando cerca de 1% mais baixo. Dez baixas seguidas não eram vistas desde 1984, ou seja, há 39 anos que não ocorria dez pregões negativos.

Nessa época ainda nem existia o Plano Real e a maioria das empresas listadas na bolsa eram estatais. Também não havia empresas de tecnologia, a internet ainda era subutilizada e com baixíssimos megabites de velocidade.

Como eram as expectativas em julho? Esperava-se que a tramitação rápida da reforma tributária indicasse acordo entre Executivo e Legislativo, levando a ciclo virtuoso de redução dos juros, déficit público e inflação, com cortes na Selic.

Contudo, a percepção otimista não se concretizou. A reforma tributária, que foi aprovada na Câmara como picar de olhos, em dois turnos em um mesmo dia, sofreu alterações no Senado, voltou à Câmara e empacou.

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, não pautou o texto, agindo de forma completamente contrária à primeira aprovação em dois turnos. E cá entre nós, ele faz isso por que tem seus interesses e sabe que o ministério está prestes a passar por uma reforma. Todos sabem o desfecho: avanços nos gastos públicos, endividamento e pressão inflacionária.

 

Expectativas frustradas impactam negativamente o Ibovespa

O Banco Central (BC) finalmente começou a flexibilizar a política monetária, não só reduzindo a taxa Selic, mas também indicando redução de juros mais rapidamente. Ou seja, juros em queda, empresas lucrando.

Porém, embora a política monetária esteja com o cenário “a favor”, a bolsa só faz cair. Para se ter uma ideia, no mês de agosto ainda não houve fechamento positivo, apesar da maioria das empresas do 2T23 atender às expectativas.

 

A queda na bolsa e instabilidade global 

Divulgado pelo Banco Central, o IBC-Br apresentou crescimento de 0,63% em junho em relação a maio, alinhado às previsões do mercado. No segundo trimestre, o indicador avançou 0,43%, sendo considerado antecipação do PIB.

É importante recordar que nos primeiros três meses, os dados oficiais do Produto Interno Bruto (PIB), que foram publicados pelo IBGE, revelaram um crescimento de 1,9%, impulsionado por um aumento significativo de 21,6% no setor agropecuário.

Todavia, preocupações com a China, se configurando em desaceleração econômica agravada por problemas imobiliários na Country Garden, relevante incorporadora, que busca atrasar pagamento de título privado, contribui para os impactos globais.

Como a China é líder em aquisições de commodities, isso afeta diretamente as Blue Chips (empresas cujas ações tem os maiores valores de mercado da Bolsa, com marca e modelo de negócios já consolidados), como Vale e Petrobras.

Além disso, a repercussão dos balanços e expectativas de ajustes nos preços dos combustíveis pela Petrobras, também impactaram o Ibovespa.

 

Investidores buscam ativos mais seguros diante da volatilidade

O que ocorre nos pregões reflete o mercado, um conjunto de investidores antecipando expectativas. Assim, compreende-se a sequência de dez baixas no Ibovespa. Expectativas negativas levam a venda de ações e busca por ativos defensivos contra inflação e juros altos.

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