Venda do banco Credit Suisse – Veja qual o risco para o Brasil e o que fazer com as cotas de FIIs controladas pela gestora

Após a falência dos três primeiros bancos americanos (Silvergate , Silicon Valley Bank, Signature Bank) no início do mês, agora foi a vez do segundo maior banco suíço, o Credit Suisse, ser abalado financeiramente, a ponto de ter que ser vendido para o seu concorrente e maior banco suíço, o UBS.  

Em um negócio avaliado em US$ 3,25 bilhões, o Credit Suisse, que foi fundado em 1856 e era um dos maiores bancos da Europa, possuía sua funcionalidade dividida em 3 grandes áreas: investimentos, banco privado e gestão de ativos. 

Em 1998 o banco suíço adquiriu o banco brasileiro Garantia, do bilionário Jorge Paulo Lemann, e dez anos depois conseguiu atingir as melhores classificações obtidas por instituições financeiras brasileiras.  

Em outubro de 2022 já começaram a existir alguns rumores negativos no Credit Suisse. E quando existe rumores de abalo financeiro, aumenta o medo dos credores, diminui a confiança dos clientes e consequentemente, aumenta os saques de reservas de clientes.  

Segundo especialistas, caso não tivesse ocorrido a compra e o Credit Suisse tivesse que pedir falência, poderia ocorrer uma quebradeira sistêmica desenfreada.  

 

Segundo maior banco suíço, o Credit Suisse, acaba de ser vendido para o seu concorrente e maior banco suíço, o UBS. Entenda tudo aqui!
FOTO: imagem própria

 

Implicações prévias da venda do Credit Suisse 

Diferentemente do que algumas pessoas acham, a decisão de venda pelos controladores do Credit Suisse não foi de um dia para o outro. Após várias inconsistências e fragilidades financeiras ao longo dos últimos 15 anos, em 2022 o banco obteve o maior prejuízo anual desde a crise de 2008.  

Segundo a CNN Brasil, no início de fevereiro o banco divulgou um prejuízo líquido de US$ 1,51 bilhão no quarto trimestre de 2022. 

E ainda em novembro de 2022, o banco saudita Saudi National Bank comprou 9,9% das ações do Credit Suisse, após o mesmo divulgar a necessidade de um aumento de capital para equilibrar suas contas. 

 

Impacto da venda do Credit Suisse na economia brasileira  

Com a quebra dos bancos americanos, a preocupação inicial no Brasil era a ligação desses bancos com os bancos digitais brasileiros, devido o SVB principalmente ser financiador de várias start ups internacionais.  

Mas o medo dos brasileiros não parou por aí. Os próprios “bancões”, como são chamados os grandes bancos brasileiros, tiveram suas ações em queda livre, após a liquidez dos bancos americanos e principalmente após essa problemática do Credit Suisse.  

A perspectiva é de que o balanço financeiro bancário de 2023 não seja muito bom devido à grande quantidade de empresas falindo e com pedidos de recuperação judicial. Segundo o Serasa Experian, somente em janeiro de 2023 foram feitos um total de 72 pedidos de falência, correspondendo a um crescimento de 56,5% quando comparado ao mesmo período de 2022. 

Além disso, a equipe econômica do novo governo não está conseguindo passar segurança ao mercado, devido à ausência de projetos de estrutura orçamentária e a grande quantidade de narrativas duvidosas. 

Contudo, uma coisa é certa. Um dos principais parâmetros de avaliação bancária aqui do nosso país, o índice de basileia, é bem estruturado para esses bancões e corresponde a valores acima do limite mínimo recomendado pelo banco central (BC) que é de 11%.   

Isso significa que para cada R$ 100 que a instituição bancária disponibiliza no mercado, R$ 11 deverá ser exclusivamente do próprio banco. Ou seja, um bom percentual dos recursos que esses bancos trabalham é dos próprios bancos.   

Segundo especialistas, tudo isso que está acontecendo pode não impactar diretamente nas nossas instituições financeiras, mas pode acarretar na diminuição dos juros lá nos EUA, e consequentemente, poderá afetar também a nossa taxa de juros.  

A taxa de juros brasileira, que se encontra nos dois dígitos já ha um bom tempo, sem dúvida nenhuma influencia o investimento em crédito privado na renda fixa. E isso pode ser motivo de alerta pela grande quantidade de investimentos em CDBs. 

 

Análise do risco para investidores de FIIs controlados pela gestora  

Devemos lembrar que o Credit Suisse é o gestor de vários fundos imobiliários atuantes do Brasil, como por exemplo o FII de logística HGLG11 e o FII de recebíveis imobiliários HGCR11. 

Caso o banco quebrasse, o que poderia ocorrer era a troca da gestora, através da escolha após uma reunião entre cotistas. Dessa forma, o risco seria muito baixo para os cotistas. Apesar disso, o Credit Suisse é top 3 em gestoras de FIIs no Brasil, e isso teria que ser levado em consideração também. Então, o máximo que iria acontecer era deixarmos de ter um dos melhores gestor de FIIs no país.  

Segundo o professor Marcos Baroni, da Suno Research, em entrevista ao canal InfoMoney, a curto prazo, os FIIs controlados pela gestora não sofrerão tanto impacto, pois ela é uma prestadora de serviço e poderá ser substituída, como já foi dito anteriormente.  

Baroni afirma que “os FIIs são completamente apartados da tesouraria de qualquer banco, e isso por si só já deveria trazer uma certa tranquilidade aos investidores”.  

Porém, a médio e longo prazo, Baroni ressalta que deverá se ter um acompanhamento maior devido à uma possível mudança na gestão organizacional da prestadora. 

Como houve mudança na administração da empresa com a venda, ainda não se sabe se a equipe da Credit Suisse Hedging-Griffo no Brasil (controladora dos FIIs) também irá mudar.  

Portanto, não há motivos para se apavorar, e sim apenas ligar o alerta. Pois qualquer controladora desejaria substituir a Credit Suisse Hedging-Griffo para gerir o montante do patrimônio, que é bastante considerável. 

 

 

 

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